segunda-feira, 21 de julho de 2008

TGV, PARA QUÊ?


Tenho assistido incrédulo ás discussões acaloradas que a classe politica tem vindo a fazer em relação à questão do TGV.

Sem dúvida que sou a favor da ligação Lisboa Madrid, e desta cidade para o centro da Europa. É uma questão de interesse nacional que nos possibilita reduzir um pouco mais a nossa posição periférica.

Mas já no que diz respeito ás restantes linhas programadas, a serem feitas será um atentado ás finanças publicas Portuguesas e que se transformarão numa pesadíssima herança que teremos que carregar durante muitos e muitos anos.

É preciso esclarecer os Portugueses que a ligação por TGV Lisboa Porto irá implicar a construção de uma nova linha, completamente distinta da actual, com outro traçado e que necessariamente irá obrigar à expropriação de cerca de 300Km de linha (com os elevadíssimos custos que daí advêm). Está ainda provado, pelas contas do governo, que os custos angariados pela cobrança de bilhetes apenas darão para pagar os custos de electricidade e de pessoal afecto a cada comboio. E os outros custos? E as despesa de construção quem a suportará?

Na passada semana viajei de Lisboa ao Porto no actual Alfa Pendular, em alguns troços o meu comboio ultrapassou a velocidade de 225Km/h. Alguém me informou que se a Refer procedesse a uma melhor planificação e gestão dos horários e a algumas correcções no actual troço, a viagem poderia ser realizada em pouco mais de 2 horas. Quantos minutos ganharíamos com o TGV? A que Custo?

Deixo-vos esta reflexão. Não seria preferível que o país investisse em estruturas que realmente nos fizessem falta, que servissem toda a população, que sem serem megalómanas e completamente desajustadas face à actual estrutura sócio-económica do país, nos dariam com certeza melhor qualidade de vida e proporcionariam por si só um aumento da produtividade de Portugal?

Tomando como exemplo a linha do Oeste, não seria bastante mais produtivo para o país, gastar-se um décimo do que eventualmente se gastaria no TGV, se o governo e a Refer, optassem por duplicar e electrificar se não toda a linha, pelo menos o troço que liga Lisboa a Torres Vedras, possibilitando com isso a milhares de pessoas que vivem nos concelhos de Sintra, Mafra, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras, usar este meio de transporte de forma a facilitar a sua deslocação para os empregos e para as escolas, evitando o uso de transportes particulares?


FRANCISCO DIAS TT05/08
DATA: 21/07/08

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