segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Simples homenagem ao "Verdadeiro Homem de Abril"

Naquele dia do principio de Abril de 1992, no Cemitério de Castelo de Vide, quatro Presidentes da Républica (António de Spínola, Costa Gomes, Ramalho Eanes e Mário Soares), vêem descer à terra, num modesto caixão, o corpo de um dos homens, que em minha opinião, mais contibuiu para que eles tivessem podido ascender à mais alta magistratura da Nação. No dia 4, Fernando Salgueiro Maia fora vencido pela doença. "O gajo ganhou", dissera ele a um amigo, referindo-se ao cancro, quando se convenceu do carácter terminal da sua doença.
Mas quem é este homem, que agora desce à terra, em campa rasa e ao som de "Grândola Vila Morena"?
Nasce em Castelo de Vide, em 1 de Julho de 1944. Muito novo, fica orfão de mãe. Faz os estudos primários em São Torcato e os secundários no Colégio de Nun`Álvares de Tomar e no Liceu Nacional de Leiria. Em 1964, ingressa na Academia Militar.
Filho de uma familia de ferroviários, é a situação de guerra nas colónias que lhe permite o acesso à Academia Militar, pois o conflito fez perder as vocações habituais, sendo aquela instituição "obrigada" a abrir as portas aqueles que habitualmente não teriam acesso a ela, Dois anos depois apresenta-se na Escola Prática de Cavalaria, após o que é enviado a prestar serviço na guerra colonial, de onde volta com a patente de Tenente.
Porém para falar-mos deste verdadeiro "Heroi de Abril" tudo se pode resumir ao seguinte: Salgueiro Maia, Soldado português que à frente de 240 homens, que só a ele confiavam a sua vida, avançou sobre Lisboa em 25 de Abril de 1974, saindo da Escola Prática de Cavalaria com dez carros de combate, ocupando o Terreiro do Paço levando os Ministros de um regime ditatorial ignóbil, de quase 50 anos, a fugir como coelhos assustados, cercou o Quartel do Carmo obrigando o então Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, a render-se e a demitir-se. Atingiu o posto de Tenente-Coronel e recusou sempre cargos públicos e de poder.É o mais puro símbolo, ao contrário de outros, da coragem e da generosidade dos "Capitães de Abril".

Domingos Ferreira TT 04/08