Naquele dia do principio de Abril de 1992, no Cemitério de Castelo de Vide, quatro Presidentes da Républica (António de Spínola, Costa Gomes, Ramalho Eanes e Mário Soares), vêem descer à terra, num modesto caixão, o corpo de um dos homens, que em minha opinião, mais contibuiu para que eles tivessem podido ascender à mais alta magistratura da Nação. No dia 4, Fernando Salgueiro Maia fora vencido pela doença. "O gajo ganhou", dissera ele a um amigo, referindo-se ao cancro, quando se convenceu do carácter terminal da sua doença.
Mas quem é este homem, que agora desce à terra, em campa rasa e ao som de "Grândola Vila Morena"?
Nasce em Castelo de Vide, em 1 de Julho de 1944. Muito novo, fica orfão de mãe. Faz os estudos primários em São Torcato e os secundários no Colégio de Nun`Álvares de Tomar e no Liceu Nacional de Leiria. Em 1964, ingressa na Academia Militar.
Filho de uma familia de ferroviários, é a situação de guerra nas colónias que lhe permite o acesso à Academia Militar, pois o conflito fez perder as vocações habituais, sendo aquela instituição "obrigada" a abrir as portas aqueles que habitualmente não teriam acesso a ela, Dois anos depois apresenta-se na Escola Prática de Cavalaria, após o que é enviado a prestar serviço na guerra colonial, de onde volta com a patente de Tenente.
Porém para falar-mos deste verdadeiro "Heroi de Abril" tudo se pode resumir ao seguinte: Salgueiro Maia, Soldado português que à frente de 240 homens, que só a ele confiavam a sua vida, avançou sobre Lisboa em 25 de Abril de 1974, saindo da Escola Prática de Cavalaria com dez carros de combate, ocupando o Terreiro do Paço levando os Ministros de um regime ditatorial ignóbil, de quase 50 anos, a fugir como coelhos assustados, cercou o Quartel do Carmo obrigando o então Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, a render-se e a demitir-se. Atingiu o posto de Tenente-Coronel e recusou sempre cargos públicos e de poder.É o mais puro símbolo, ao contrário de outros, da coragem e da generosidade dos "Capitães de Abril".
Domingos Ferreira TT 04/08
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
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