quarta-feira, 9 de julho de 2008

O NOSSO ENSINO – Será que vamos pelo caminho certo?

Um dos grandes filósofos ingleses do século XX , Michael Oakeshott dizia : "O preço da actividade inteligente que constitui o ser humano é aprender". E esta aprendizagem necessária, é algo que cada um de nós deve e só pode fazer por conta própria. O aprender humano é bem diferente do processo natural de adaptação de organismos como reacção ao meio ambiente e às circunstâncias. Não é um aprender passivo, mas um compromisso auto consciente. Não é uma reacção induzida pela pressão externa, mas uma tarefa auto-imposta inspirada pela noção da própria ignorância e de quanto há para aprender. É um desejo pela compreensão. Para um ser humano, então, aprender é um compromisso por toda a vida, e o mundo onde ele habita é o local de aprendizado.

A mente é a actividade inteligente pela qual o homem pode compreender e explicar processos, é a autora não apenas do mundo inteligível onde os homens vivem, mas também de sua relação auto consciente com este mundo. O homem é livre para procurar este autoconhecimento, sendo responsável pelos seus pensamentos e acções. A possibilidade de ser inteligente abre espaço para a possibilidade de ser estúpido, e talvez este facto afaste tantos dessa busca pelo conhecimento

Com a socialização do ensino, o que é óptimo, vimos assistindo também à uniformização da aprendizagem, o que é péssimo. Estamos assistindo à implementação de uma doutrina que, porque o aqui e agora está cada vez mais uniforme do que já foi, defende que a educação deve reconhecer e promover essa uniformidade. Esta á uma das mais insidiosas de todas as corrupções, pois ataca o cerne da aprendizagem liberal. Sendo o homem a sua cultura e aquilo que ele aprendeu a ser, o que seria hoje o mundo se não fosse assim? A aprendizagem liberal é aprender a responder aos convites das grandes aventuras intelectuais nas quais os seres humanos expuseram as suas várias compreensões do mundo e de si mesmo. O mundo moderno estaria repleto de acontecimentos, mas não de muitas experiências memoráveis. Seria um fluxo contínuo de trivialidades sedutoras que não invocam reflexão, mas participação instantânea. As pessoas pulam de uma conformidade da moda para outra, de um guru do momento para o próximo. Há a repetição de slogans e "pontos de vista" embalados de forma profética. Os ouvidos estão cheios de sons, convidando às reacções instintivas.

A libertação do homem vem através desta busca pelo autoconhecimento. Sem isso, somos apenas símios repetindo gestos de forma automática.

A liberdade de pensamento exige a responsabilidade pelo que se pensa.

"A vida não examinada não vale a pena ser vivida." (Sócrates)

Devemos examinar sempre, atentamente, qual a vida que desejamos viver.

Delcio Vieira

Grupo TT06/08

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