segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Esquizofrenia…

Esquizofrenia: o que é?
A esquizofrenia é uma das doenças mentais mais graves e incapacitantes do mundo, não só para o doente mas também para toda a sua rede de relações sociais e familiares.
A esquizofrenia é uma das doenças mentais mais graves e incapacitantes do mundo, não só para o doente mas também para toda a sua rede de relações sociais e familiares.

Na prática, resulta numa profunda mudança da personalidade, do pensamento, dos afectos e do sentido da própria individualidade. É uma perturbação grave que leva o doente a confundir a fantasia com a realidade e que geralmente conduz a modos de vida inadaptada e ao isolamento social.

Em Portugal, existem cerca de 100 mil doentes esquizofrénicos, ou seja, cerca de um por cento da população nacional, números que acompanham a prevalência a nível mundial.

Trata-se de uma doença mental grave e incapacitante, que se encontra identificada praticamente em todo o mundo atingindo indiferenciadamente classes sociais e raças. Quando poderá surgir?

O aparecimento da doença nos indivíduos ocorre normalmente entre os 16 e os 25 anos de idade em ambos os sexos.

O perfil do aparecimento da doença não é uniforme tanto no que se refere à altura do seu aparecimento como à forma como ela se revela, ou seja, varia de indivíduo para indivíduo e do próprio desenvolvimento da doença, sendo que a evolução da esquizofrenia pode ser caracterizada por dois estados, súbito ou lento.

No estado súbito, a doença manifesta-se rapidamente e tem uma evolução em escassos dias ou semanas, enquanto no estado lento o diagnóstico precoce é muito mais difícil e pode mesmo levar vários meses ou anos até que se detecte.

No caso da evolução lenta, a esquizofrenia no grupo dos jovens adultos pode mesmo ser confundida com as chamadas crises de adolescência e por este motivo frequentemente desvalorizada. Desta forma, o isolamento, a quebra de rendimento escolar ou as alterações de comportamento são vistas pelos pais e professores como normais e passageiras.


Esquizofrenia: sintomas
A esquizofrenia, devido às suas características, foi um sinónimo de exclusão social, durante muito tempo.
Os sintomas esquizofrénicos podem ser classificados em duas categorias:

Sintomas “Positivos”
• Delírios – ideias delirantes – (pensamentos irreais, como, por exemplo, as ideias de ser perseguido ou vigiado);
• Alucinações (percepções irreais – ouvir, ver saborear, cheirar ou sentir algo irreal – como, por exemplo, vozes que mandam fazer alguma coisa, ou comentam actos);
• Pensamento e discurso desorganizado (elaborar frases sem qualquer sentido ou inventar palavras);
• Agitação, ansiedade, impulsos.
Sintomas “Negativos”
• Falta de vontade ou de iniciativa;
• Isolamento social;
• Apatia;
• Indiferença emocional;
• Pobreza do pensamento.
A esquizofrenia, devido às suas características, durante muito tempo foi um sinónimo de exclusão social. No entanto, a partir da segunda metade do séc. XX, os avanços terapêuticos permitiram um maior conhecimento da doença apontando para novas soluções de tratamento impactando de forma positiva a qualidade de vida do doente.

Esquizofrenia: tratamento
O tratamento deverá actuar a vários níveis para conseguir manter ou reconduzir, completa ou parcialmente, o indivíduo a uma qualidade de vida aceitável.
A doença deve ser considerada nos seus diversos aspectos e o tratamento deverá actuar a vários níveis para conseguir manter ou reconduzir, completa ou parcialmente, o indivíduo a uma qualidade de vida aceitável.

O controlo da doença está sempre ligado à precocidade do diagnóstico. Por outro lado, quanto mais precoce for o aparecimento da doença mais difícil será de tratar. Já se verificou que quanto mais tarde for feito o diagnóstico, pior é a evolução da doença, porque determinados mecanismos se estruturam, se consolidam, tornando-se mais complicado modificá-los.

O tratamento farmacológico é, portanto, fundamental, na medida em que permite obter melhores resultados, sobretudo quando combinado com a intervenção psicossocial que tende a minimizar o impacto de acontecimentos derivados do contexto em que o doente vive.

Por esse motivo, devem ter lugar intervenções individuais e de grupo, tais como psicoterapia, reabilitação e aprendizagem social, sempre a desenvolver em estruturas adequadas. Além disso, estudos realizados até à data demonstraram que a combinação das diversas estratégias de tratamento também permite diminuir a ocorrência de recaídas.

Na prática, a nova orientação na terapêutica fundamenta-se em três critérios:
• Intervenção precoce.
• Tratamento farmacológico orientado e individualizado, tirando partido da eficácia dos fármacos de nova geração que permitem diminuir a sintomatologia com menos efeitos secundários, melhorando a adesão do doente ao tratamento.
• Intervenção de reabilitação que poderá actuar cada vez melhor, graças à capacidade de resposta do indivíduo às solicitações da reinserção.
Assim, novos medicamentos para a esquizofrenia são sempre desejados pelo aumento das probabilidades de tratamento com sucesso e serão sempre escassos face ao peso da doença.

Nesta matéria, o mais recente avanço na luta contra a esquizofrenia foi lançado recentemente em Portugal um novo antipsicótico cuja substância activa é a ziprasidona.

Este antipsicótico é eficaz no tratamento de doentes esquizofrénicos e tem um perfil de tolerabilidade superior aos outros medicamentos da sua classe. A ziprasidona melhora a qualidade de vida do doente, verificando-se uma melhor adesão à terapêutica.

Os doentes esquizofrénicos apresentam frequentemente alterações em vários parâmetros de saúde como sejam os níveis de triglicéridos, colesterol e prolactina, peso corporal, diabetes e perturbações do movimento, que podem ser decorrentes da própria doença, mas que na sua maioria são decorrentes do tratamento com antipsicóticos.

Neste nível, a ziprasidona apresenta um melhor perfil de tolerabilidade, destacando-se as suas vantagens de não interferência nesses parâmetros. Além disso, verificou-se que também os doentes que abandonaram tratamentos anteriores e iniciaram ziprasidona podem beneficiar desses efeitos.

“As investigações demonstram uma taxa de remissão de mais de 80% entre os doentes esquizofrénicos que receberam (no primeiro episódio) uma terapêutica imediata com fármacos antipsicóticos.”

Filipa TT06/08

1 comentário:

  1. A esquizofrenia, é sem dúvida uma das doenças mentais mais desgastantes para o doente e para quem está á sua volta. A colega abordou este tema, que a mim me toca particularmente. Trabalho directamente com um doente portador desta doença. Não vou entrar em pormenores por uma questão profissional, mas posso dizer que é uma pessoa fantástica. Tem uma esquizofrenia rara, o que muito dificulta a sua estabilização. Precisa constantemente de atenção, ´por forma a evitar que se isole e descompense. É uma pessoa participativa em tudo o que se lhe pede, adora conversar,passear, é alegre e brincalhão. Tem plena noção do que tem e após os seus maus momentos, reconhece e pede desculpa. Tenho plena certeza de que esta é uma doença que provoca um sofrimento enorme a quem a tem. Sou testemunha disso práticamente todos os dias.

    Carla Alegre TT 04/08

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